A aguardada estreia de Daredevil: Born Again (Demolidor: Renascido) finalmente chegou, e os primeiros dois episódios já estabelecem o tom para a nova fase do Demônio de Hell’s Kitchen. A série, que funciona essencialmente como uma continuação direta da versão da Netflix, preserva a violência visceral e o drama psicológico que tornaram a produção original um sucesso. Com um início explosivo e um novo status quo para Matt Murdock, a Marvel Studios parece ter aprendido com os erros do MCU recente e entregou uma estreia que honra o legado da série original.

A volta do Demolidor e um golpe devastador

A série não perde tempo em reafirmar sua identidade. O primeiro episódio começa com um combate eletrizante entre Matt Murdock (Charlie Cox) e Benjamin Poindexter, agora assumindo completamente sua identidade dos quadrinhos como Bullseye. A luta, coreografada em um plano-sequência espetacular, remete ao melhor que a série da Netflix já entregou, com Bullseye utilizando objetos improvisados como armas mortais contra o Demolidor.

Mas o verdadeiro impacto emocional do episódio vem com a trágica morte de Foggy Nelson (Elden Henson). Murdock já enfrentou inúmeras perdas em sua vida, mas a morte de seu melhor amigo o empurra para um dilema moral ainda mais profundo. Pela primeira vez, ele está disposto a ultrapassar um limite que sempre evitou: matar um inimigo. O desejo de vingança contra Bullseye quase o leva a cruzar essa linha, mas, ao invés disso, Matt decide abandonar o manto do Demolidor, dedicando-se exclusivamente à sua vida como advogado.

O novo papel de Wilson Fisk: de Rei do Crime a Prefeito de Nova York

O maior diferencial de Born Again em relação à série original está na reinvenção de Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio). Agora, Fisk não é mais apenas o Rei do Crime: ele é o prefeito de Nova York. Essa reviravolta coloca Murdock e Fisk em um jogo político e jurídico ainda mais perigoso do que antes.

A cena em que os dois se reencontram em um restaurante é um dos pontos altos da estreia. Sem necessidade de violência, a conversa entre os dois carrega uma tensão palpável, como se qualquer palavra errada pudesse transformar o encontro em um banho de sangue. Fisk agora está jogando em um nível completamente diferente, e Murdock precisa descobrir como lutar contra ele sem recorrer à violência.

Essa dinâmica, inspirada em séries como True Detective, traz um frescor para a rivalidade entre os dois personagens. Em vez de confrontos físicos imediatos, a série aposta em um embate ideológico e estratégico, o que pode tornar essa temporada uma das mais intensas do personagem até agora.

Repetição de temas e falta de coadjuvantes memoráveis

Apesar do impacto da estreia, há um certo senso de déjà vu na trama. A decisão de Murdock de abandonar sua identidade como Demolidor já foi explorada anteriormente, especialmente na terceira temporada da série da Netflix. Embora os detalhes da nova abordagem sejam diferentes, a sensação de que estamos revisitando territórios conhecidos pode incomodar alguns fãs.

Além disso, a ausência de personagens coadjuvantes memoráveis nos primeiros episódios é notável. Na série original, nomes como Wesley, Karen Page e Ray Nadeem trouxeram complexidade ao universo do Demolidor. Aqui, os novos personagens secundários ainda não mostraram a que vieram. O detetive aliado de Murdock e sua nova parceira de advocacia parecem existir apenas para conduzir diálogos expositivos, sem o mesmo peso narrativo dos personagens do passado.

Por outro lado, a introdução de White Tiger (Hector Ayala) promete adicionar novas camadas à trama. A história de Ayala, um vigilante injustamente condenado, não apenas traz um arco emocional relevante, mas também serve como um espelho para as próprias contradições de Murdock. O embate moral entre os dois promete ser um dos grandes destaques da temporada.

Ação brutal e um retorno à violência visceral

Se havia alguma dúvida sobre a Marvel amenizar a violência da série agora que está sob o selo do MCU, os primeiros episódios tratam de dissipá-las. A luta entre Murdock e os policiais corruptos que tentam assassiná-lo é uma das mais brutais da franquia até agora. A explosão de fúria do personagem, culminando em um grito primal após derrotá-los, mostra que a Marvel não tem medo de levar Born Again para os mesmos níveis de intensidade da série original.

A cena também reforça o dilema central da temporada: até onde Murdock pode ir sem se tornar o próprio monstro que ele combate? A morte de Foggy, a ascensão de Fisk ao poder e a nova geração de vigilantes desafiam Matt a reconsiderar seus próprios princípios – e a temporada promete explorar isso com profundidade.

Conexões com o MCU e referências sutis

Um dos momentos mais empolgantes para os fãs de longa data do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) foi a menção explícita ao Homem-Aranha por Fisk. Esse pequeno detalhe abre possibilidades para um futuro encontro entre o Demolidor e o Teioso, algo que muitos fãs aguardam ansiosamente.

Curiosamente, o enredo de Fisk como prefeito não faz menção aos Acordos de Sokovia, que foram oficialmente revogados, conforme revelado na série She-Hulk. Ainda assim, a abordagem política da temporada se mantém relevante ao explorar o tema da ascensão de figuras autoritárias e como a sociedade responde a elas – um reflexo de discussões do mundo real.

Além disso, pequenos easter eggs, como o símbolo do Justiceiro tatuado no braço de um policial corrupto, sugerem que a série pode estar preparando terreno para o retorno de Frank Castle em breve. Dado o impacto do personagem na série da Netflix, sua presença em Born Again seria uma adição explosiva.

Conclusão: um retorno triunfal, mas com ressalvas

Os primeiros episódios de Daredevil: Born Again fazem um excelente trabalho em recriar a atmosfera sombria e brutal que tornou a versão da Netflix um sucesso. A luta política entre Murdock e Fisk adiciona uma camada nova e intrigante à narrativa, enquanto as sequências de ação mantêm a intensidade que os fãs esperavam.

No entanto, a repetição de temas já explorados anteriormente e a falta de coadjuvantes impactantes impedem que a estreia seja perfeita. Ainda assim, a série entrega um começo promissor e deixa no ar grandes expectativas para os próximos episódios.

Nota Final: 8.5/10

Pontos positivos:

  • Ação brutal e bem coreografada, mantendo a essência da série original
  • Conflito político e ideológico entre Murdock e Fisk adiciona profundidade
  • Referências ao MCU fortalecem a conexão do personagem com o universo maior

Pontos negativos:

  • Algumas repetições de temas já explorados na série original
  • Coadjuvantes ainda não tiveram tempo para se destacar

Se Born Again conseguir resolver essas questões nos próximos episódios, o Demolidor pode estar de volta ao topo como um dos melhores personagens do MCU.

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