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The Handmaid’s Tale chega ao fim com desfecho intenso e crítica social afiada

The Handmaid’s Tale chega ao fim com desfecho intenso e crítica social afiada

Após quase oito anos no ar, a série The Handmaid’s Tale finalmente encerra sua trajetória com a sexta e última temporada. A produção do Hulu, baseada no romance de Margaret Atwood, tornou-se um marco da televisão contemporânea por abordar de forma intensa e direta temas como autoritarismo, misoginia, fanatismo religioso e resistência feminina.

Desde sua estreia em 2017, a série provocou debates acalorados, principalmente por coincidir com o início do governo de Donald Trump nos EUA, o que fez com que sua história distópica parecesse um alerta sombrio sobre o rumo de diversas democracias no mundo. Agora, ao se despedir do público, The Handmaid’s Tale busca entregar o desfecho que fãs e críticos esperavam há anos — e, em muitos aspectos, consegue.

Uma reta final com ritmo e propósito

A nova temporada retoma a história imediatamente após os eventos da quinta: June (Elisabeth Moss) está fugindo para o Alasca com sua filha Nichole, enquanto o Canadá se torna hostil aos refugiados americanos. Em sua jornada, ela reencontra Serena (Yvonne Strahovski), agora com o filho Noah. A dinâmica entre as duas sempre foi um dos pontos altos da série, e aqui retorna com força total, especialmente pelo contraste entre a serenidade de Serena e o passado sombrio que as une.

Ao longo da temporada, os episódios recuperam a tensão e a urgência das primeiras temporadas, algo que muitos sentiram faltar nas fases mais recentes. A série parece finalmente ciente de que precisa fechar suas tramas com força emocional e relevância política.

Conflitos internos e ideológicos

A grande força da temporada está nos conflitos morais e ideológicos entre os personagens. June, agora uma figura de liderança na resistência, se junta novamente a Moira, Luke, Mark Tuello e ao grupo Mayday, que planeja um ataque decisivo ao coração de Gilead. Ao mesmo tempo, vemos a ascensão de New Bethlehem, uma proposta de Gilead para se mostrar mais “moderada” ao mundo — mas que na prática continua sustentando os mesmos princípios teocráticos e opressivos.

Serena, por sua vez, ganha um novo papel em New Bethlehem, evidenciando sua eterna ambiguidade: vítima e cúmplice, visionária e prisioneira de sua própria criação. Sua relação com o novo comandante, vivido por Josh Charles, traz mais camadas à personagem e ao debate sobre redenção e poder.

Personagens centrais de The Handmaid’s Tale ganham foco renovado

Enquanto algumas figuras como Tia Lydia (Ann Dowd) têm participações mais contidas, outras como Janine (Madeline Brewer) ganham destaque e protagonismo. O retorno ao bordel Jezebel’s, agora com novos contornos e planos de sabotagem, é um dos pontos mais marcantes da temporada.

Nick (Max Minghella), que teve grande importância nos anos anteriores, acaba reduzido a um papel de apoio. Sua trajetória parece esgotada, servindo apenas como peça de conveniência para resolver situações pontuais no roteiro.

The Handmaid’s Tale tem Relevância e crítica até o fim

A sexta temporada acerta ao resgatar a essência política e simbólica da série. Um dos momentos mais poderosos ocorre quando June faz um monólogo sobre o significado do uniforme vermelho das aias — um símbolo de dor, submissão e resistência. Também é resgatada a crítica à fusão entre religião e Estado, agora disfarçada por discursos de “moderação” que apenas mascaram o autoritarismo.

A série volta a fazer o espectador torcer, temer e refletir. E, mesmo após tantas temporadas, ainda é capaz de gerar discussões sobre liberdade, trauma, justiça e vingança.

Um fim que entrega, mesmo que tardiamente

Mesmo que a história tenha se estendido além do necessário, o final de The Handmaid’s Tale traz conclusões importantes para os personagens principais e prepara o terreno para o futuro da franquia. A série The Testaments, já em desenvolvimento, continuará o universo criado por Atwood — mas o ciclo de June se encerra com a dignidade que sua trajetória exigia.

Ainda que o impacto cultural da série tenha diminuído com o tempo e os desafios do mundo real tenham ofuscado parte de sua força simbólica, The Handmaid’s Tale se despede com emoção, coragem e consciência de seu legado.

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