ATENÇÃO! O TEXTO ABAIXO CONTEM SPOILERS DE The Last of Us 2×02!
O segundo episódio da 2ª temporada de The Last of Us finalmente entrega o momento que muitos fãs aguardavam (e temiam): a morte brutal de Joel Miller. Mas se a expectativa era por um episódio inteiramente dedicado ao impacto emocional e à transformação de Ellie, o que recebemos foi uma divisão de foco que dilui a força da narrativa.
Dirigido por Mark Mylod (Succession), o episódio tenta equilibrar duas linhas narrativas muito distintas: a tensa jornada de Abby na neve, enfrentando hordas de infectados, e o massacre que leva à morte de Joel. Apesar de momentos visualmente espetaculares, o episódio acaba prejudicando o que deveria ser seu ponto alto emocional ao intercalar com cenas de ação caótica em Jackson.
Uma sequência visualmente arrebatadora em The Last of Us
O ataque dos infectados — inspirado por batalhas como o cerco de Helm’s Deep em O Senhor dos Anéis — é um espetáculo técnico. Clickers emergindo do gelo como “ervilhas congeladas furiosas” é uma metáfora memorável, e a direção de arte brilha com a escala da invasão, culminando na aparição de um Bloater e na resposta com lança-chamas. A tensão que cerca Abby é palpável e, por momentos, até conseguimos simpatizar com ela — o que é irônico, considerando que ela é a assassina de Joel.
Mas a questão é justamente essa: a ação rouba a cena da emoção.
The Last of Us: A morte de Joel: brutal, mas distante
Quando finalmente a série volta ao cerne emocional, Joel já está nas mãos do grupo de Abby. A tensão dentro do chalé é bem construída, com a câmera incerta refletindo a desconfortável dinâmica entre os membros do grupo. A performance de Kaitlyn Dever brilha: sua Abby é fria, determinada, quase sádica.
No entanto, mesmo com a brutalidade do golpe final, a sequência carece do peso que teve no jogo. Parte disso se deve ao corte abrupto entre ação e drama. Falta o “silêncio antes da tempestade”, aquele momento que nos deixaria mergulhados na iminência da tragédia. O impacto, por mais gráfico que seja, não é tão devastador quanto poderia.
Pedro Pascal entrega uma despedida digna, com um olhar resignado que diz mais do que palavras. Bella Ramsey também está excelente, traduzindo a dor de Ellie com autenticidade. Mas faltou tempo — e foco — para o luto se enraizar no espectador.
Um episódio dividido em The Last of Us
O grande problema do episódio é sua estrutura. Em vez de nos conduzir lentamente ao momento fatídico, ele nos distrai com uma sequência paralela que, apesar de belíssima, tira o protagonismo do que deveria ser o ponto central. Joel morre, mas a série nos faz olhar para outro lado.
Ao tentar abraçar demais — ação, drama, construção de mundo — o episódio perde a chance de ser verdadeiramente inesquecível. É um capítulo tecnicamente impecável, mas emocionalmente fragmentado.
Veredito final:
Nota: 7,5/10
O episódio 2 da 2ª temporada de The Last of Us entrega visuais impressionantes e atuações marcantes, mas tropeça ao dividir seu foco. A morte de Joel, o momento mais crucial da série, merecia um palco mais exclusivo e menos barulhento.